A história de Sophie Charlotte nada tem de conto de fadas. Ela não foi descoberta por um olheiro quando passeava linda por um supermercado nem foi parar na televisão por acaso, enquanto sonhava com uma profissão mais tradicional. Sophie Charlotte da Silva sempre soube o que gostaria de fazer. E batalhou muito para chegar aonde está. Filha de uma bióloga alemã e de um cabeleireiro e maquiador paraense que na Europa trabalhava em revistas e editoriais de moda, ela nasceu em Hamburgo, na Alemanha. E foi lá que tomou a decisão, aos 3 anos de idade: queria ser atriz. “Brinco que não era um desejo, mas uma opinião, tal a determinação para alguém com aquele tamanho”, diz a mãe dela, Renate. Isso porque a palavra atriz em alemão é supercomplicada — e nada fácil de pronunciar: schauspielerin. Mas isso não impedia aquela menininha de repeti-la, segura, toda vez que perguntavam o que ela queria ser quando crescesse.
Tal perseverança rendeu uma história engraçada. “Uma professora da escolinha me contou que, no primeiro dia de aula, Sophie — então com 3 anos e 4 meses — reuniu todos os colegas na fila”, lembra Renate. “Então, disse a eles: ‘Quero contar uma história para vocês…’ e recitou a fábula da Branca de Neve do início ao fim. Fez os papéis da princesa, da madrasta e da bruxa. A professora nunca tinha visto uma criança fazer aquilo, sem vergonha nenhuma!” Aos 5 anos, Sophie pediu para entrar no balé e, em seguida, passou a fazer aulas de canto com o avô materno, cantor lírico. Tudo isso pensando no futuro. “Cresci vendo grandes filmes e amava musicais: Mágico de Oz, Fame, Cabaret... era o que eu queria fazer”, diz Sophie, que tem os dois pés no chão, como uma boa taurina com ascendente em Leão.
Quando ela tinha 7 anos, a família decidiu se mudar para o Brasil, em busca de um clima mais ameno. Renate, filha única, e os pais venderam tudo que tinham em Hamburgo e compraram uma casa em Niterói (RJ), onde já morava a família toda do paraense Mario (são dez irmãos ao todo). Mas nem a troca de continente atrapalhou ou transformou os planos de Sophie. Ao contrário. Tão logo se adaptou à nova escola e à nova língua — já falava português e fez aulas particulares nas férias para não perder um ano —, pediu para se matricular em um curso de teatro amador. Aos 11, entrou na escola Tablado e começou a fazer testes na Rede Globo, sempre com o apoio dos pais. “Acho que uma das principais características de Sophie é a persistência”, diz o pai. “Desde pequena ela sabia o que queria e, por mais que a gente dissesse que era um caminho difícil, ela nunca teve medo de tentar e nunca perdeu o foco.” Quando Sophie era adolescente, a TV Globo promoveu um concurso para escolher uma Paquita. “Eu e a mãe dissemos que poderia ser uma forma de entrar na Globo, como ela tanto sonhava, mas Sophie falou que queria ser atriz, não apresentadora, não Paquita, não outra coisa”, diz Mario. “A menina nunca teve medo nem preguiça de tentar e tentar e tentar. Mesmo quando não era aprovada em algum teste, ouvia um ‘não’ e caía em lágrimas, mas logo se reerguia e tentava de novo.”
"Não existe ciúme, mas sei que é difícil para quem
não é ator entender que separamos as coisas"
não é ator entender que separamos as coisas"
Tanta persistência não demorou para trazer resultado. Após uma das negativas em um teste, foi convidada para participar da Oficina de Atores da Globo. Em pouco tempo e algumas pequenas participações depois, conquistou seu primeiro papel de destaque, aos 17 anos, como a protagonista Angelina, em Malhação. Foi nessa época que ela trocou a casa dos pais por um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio, em um prédio que a emissora costuma acomodar os jovens atores que vêm de fora. Dali para a frente tudo parece ter acontecido num piscar de olhos: mais três novelas — incluindo Fina estampa, na qual ela interpreta Maria Amália — e hoje, aos 22 anos, Sophie é considerada uma das maiores apostas da emissora. Ganhou, inclusive, o respeito de atores do primeiro time, como a protagonista Lília Cabral, que interpreta sua mãe na trama. “A Sophie é uma mulher muito inteligente, culta, interessada nas coisas, em seu trabalho. Ela é atenta e ávida, características fundamentais em bons atores. Além de talentosa, é extremamente educada. Adoro conversar com ela, saber de suas impressões. É uma pessoa perseverante, determinada”, disse Lília.
Foi também em meio a essa ascensão que ela encontrou o namorado, o ator Malvino Salvador, 35. Eles se conheceram durante as gravações da novela Caras & bocas, em 2009, e namoram desde então. Depois de um breve rompimento, há quase um ano, voltaram e há poucos meses passaram a dividir a casa. “Não é bem morar junto. Ainda mantenho meu apartamento no Leblon, tenho muitas coisas lá e cá. Foi mais um movimento natural, de querer passar mais tempo perto, uma evolução do relacionamento”, diz ela. Não que eles fiquem muito sem se ver, já que Malvino também está no elenco de Fina estampa e, ironicamente, faz o papel de um dos irmãos de Sophie — o outro irmão na trama, Caio Castro, foi namorado da atriz por três meses na época de Malhação. “Todo mundo acha engraçado sermos irmãos na novela. Quando recebemos a notícia de que seria assim, passamos cinco minutos rindo sem parar. Mas agora já é bem normal”, diz ela. “É maravilhoso trabalhar com o namorado. A gente se encontra muito, sabe como foi o dia um do outro. Há casais que achariam ruim, mas vai da dinâmica do relacionamento. Para a gente é ótimo, somos parceiros, amigos, respeitamos o espaço de cada um”, afirma ela. Malvino também não poupa elogios à amada: “É difícil dizer o que mais admiro na Sophie. É difícil pontuar o que se sobressai em meio a tantas qualidades. O que importa é que a Sophie é a mulher que eu amo e é com quem quero construir sonhos”.
"Sou uma menina normal,
cheia de sonhos e desejos"
cheia de sonhos e desejos"
Os dois se dão tão bem, dizem, que não se incomodam nem de levar trabalho para casa: estudam o texto à noite e assistem ao capítulo do dia para ver o que foi legal e do que não gostaram tanto. Ela afirma que não sente ciúmes ao ver o namorado com outra em cena — e vice-versa. “É difícil para quem não é ator entender que a gente separa muito bem as coisas”, diz. “Nosso trabalho gera curiosidade o tempo todo, inclusive sobre o que não é o nosso trabalho. Eu sou muito jovem, me exponho e depois vejo que preciso me resguardar mais. Mas sou uma menina normal, que está virando uma mulher normal.”
Ser normal significa ter muitos sonhos e planos — e Sophie, definitivamente, está cheia deles. “Espero crescer na carreira, conquistar espaço, respeito, personagens. Quero ter uma casa com jardim, pé de carambola no quintal. Ainda vou viajar muito, muito. Aliás, esse é o meu desejo mais imediato, voltar para a Alemanha, conhecer Berlim, Londres...” E, como qualquer menina que está virando mulher, ela sonha em construir sua família e ter filhos. “Minha família é bastante unida. Meu irmão, Angelo (tem 19 anos e cursa cinema), é um dos meus melhores amigos, meus pais sempre me apoiaram, meus avós também. Tenho uma base boa e sei a importância que isso tem”, afirma. “Quando existe uma estrutura familiar forte, não é qualquer coisa que te abala. Espero poder passar esses valores adiante.” Determinação para ir atrás disso tudo ela já provou que tem — talvez uma herança do sangue alemão. “É difícil saber o que tenho de cada cultura, mas sinto que sou esse mix, que sou diferente lá e aqui.” A mãe explica: “O jeito da Sophie de querer fazer tudo certinho é bem alemão. E ela leva tudo a sério, se empenha muito para alcançar o objetivo. Mas o que ajuda nisso é o que ela tem de brasileira: o pensamento positivo, o charme, a alegria, o carisma e a criatividade, o dom de imaginar e criar, que ela herdou da avó paterna”.
Cabelo e maquiagem: Ricardo dos Anjos (Capa Mgt) com produtos Maybeline e Loreal/Produção de moda: Jéssica Teixeira/Produção de joias: Shuly Dabbah/ Tratamento de imagens: Thiago Auge/Assistente de produção de moda: Layla Mendes/Assistentes de fotos: Sergio Nascimento, Fernando Tomaz e Renan Prando/Cenário: Aécio Amaral. Blusa de seda Marc by Marc Jacobs. Short de píton Ágatha. Brincos e bracelete, ambos de marfim e ouro, Silvia Furmanovich. Sapatos Christian Louboutin
Fonte: Marie Claire
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