segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Folha visita filmagens de "Serra Pelada", superprodução brasileira de Heitor Dhalia, com Sophie Charlotte no elenco.


O sol castiga a rua de barro da vila de Serra Pelada. Três cães vira-latas passeiam sem a menor preocupação. Não há ninguém para espantá-los da Barbearia Galante ou do Galpão dos Bamburrados, termo que batiza os mineradores mais abastados do garimpo.

Nem para expulsá-los do açougue. Parece estranho que os filés pendurados ali não atraiam os cães.

É que os animais, claro, sabem que nada daquilo é real.

Estamos no set de filmagens de "Serra Pelada", maior esperança do cinema brasileiro em ter um novo blockbuster de ação em 2013.


A cidade cenográfica, erguida em um terreno cedido por uma empresa de construção de aterros sanitários, é de um realismo chocante.

Mineradores sujos deitam em redes armadas em dezenas de barracas. Moscas disputam espaço com câmeras. Só faltam arbustos secos rodando ao vento para o clima de Velho Oeste ficar perfeito.

A produção quase se perdeu nesta busca pelo real. Com orçamento de R$ 10 milhões e direção de Heitor Dhalia ("À Deriva"), o longa seria rodado no interior do Pará.

A ideia era a de levantar a vila fictícia ao lado de uma ex-cava de mineração, perto da verdadeira Serra Pelada, maior garimpo a céu aberto do mundo nos anos 1980.

O cenário do filme, no entanto, acabou sendo erguido nos arredores de Paulínia, a 120 km de São Paulo.


No intervalo de uma cena em que Cazarré confrontava a personagem de Sophie, vestida de noiva e toda ensanguentada, impossível não se lembrar de Tarantino.

Ele canta "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)", cuja versão de Nancy Sinatra ficou famosa na trilha sonora do filme "Kill Bill".


"Tarantino brinca mais com gênero, enquanto 'Serra Pelada' é mais dramático. Mas não aplaco a violência", garante Dhalia. "Lembro de 'Sangue Negro' pela obsessão do personagem com o ouro", diz Cazarré.

"Serra Pelada" terá um elemento original ao trazer à tona as "Marias", apelido dos homossexuais que fazem as vezes de mulheres na vila dos garimpeiros. "É um tema nunca tratado neste estilo de filme. Eles têm boas cenas de ação e vingança", diz o cineasta. "Nada supera a realidade."

Sobre o Filme


Nos anos 70, Serra Pelada se torna o maior garimpo a céu aberto do mundo. Milhares de homens são atraídos pelo sonho da riqueza instantânea. Juliano e Joaquim chegam na Floresta Amazônica contaminados pela "febre dourada". Os dois se tornam amigos e compartilham seus sonhos. Mas a dureza da mineração e a ganância dos homens destruirão essa amizade.

Julaino Cazarré interpreta Juliano, um sujeito que vê no garimpo a solução para seus problemas financeiros. Julio de Andrade é Joaquim, professor de português que segue o amigo para o Pará em busca de dinheiro para sustentar a mulher grávida (Eline Porto) em São Paulo. No "formigueiro", os dois começam a entrar em conflito à medida que encontram ouro e ganham poder naquela terra sem lei. "Ninguém paga 2%, só a gente. Por mim, seria 1%, mas o professor aqui é comunista", discursa o personagem de Juliano a um bando de garimpeiros em uma cena.

Sophie Charlotte vive uma prostituta "criada" pelo coronel de Matheus Nachtergaele, mas que se apaixona por Juliano. Wagner Moura vive o vilão da história.

O filme tem o roteiro de Vera Egito e Heitor Dhalia e a direção é de Heitor Dhalia.

Fonte : Folha de S.Paulo (adaptado e editado pela Equipe FCSC)

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